terça-feira, 17 de maio de 2011

DITACO E A ÉTICA


Quando eu era criança no Bairro de Fátima em Fortaleza, jogávamos futebol na rua com bola de meia, traves improvisadas com qualquer coisa e partidas de dois tempos marcados pelo ônibus 13 de Maio que passava religiosamente de 45 em 45 minutos. Era uma ruma de menino de cada lado. Quem era grosso ia pro gol, gordinho era beque, e o resto tudo jogava no ataque à bola e às canelas dos demais. Ditaco era canhoto e, mesmo jogando como os outros, atrás da bola onde estivesse ela, dizia-se “ralf esquerdo”.

Um dia inauguraram um Supermercado na Aguanambi e o Ditaco foi pego pelos seguranças tentando passar com um disco do YES sem pagar. Sou “dimenó” foi a única alegação de defesa e, portanto, chamaram seu Francisco, pai dele, para resolver a questão. Os seguranças, dois simpáticos e truculentos analfabetos, ditaram as regras do Mercantil São José. Paga em dobro e não leva a mercadoria. Quando seu Francisco sacou da carteira para livrar o filho, Ditaco protestou indignado:

_ Pai, não pague, não. Isto é um roubo.

Levou um cascudo e voltou para casa com o rabo entre as pernas e os olhos marejados. Passamos quase duas semanas sem nosso “ralf esquerdo”.

Pois bem, na Plenária do Sindifisco há duas semanas, Rafael Pilar, Damasceno e Pedro de la Ruim lembraram-me o Ditaco. Em uma votação na plenária aduaneira uma moça foi surpreendida com quatro aparelhos de votação eletrônica tentando exercer o direito de 4, isso mesmo quatro, delegados ausentes. A Mesa resolveu por anular os votos e a votação inverteu-se. O assunto, do interesse da DEN, que fora aprovado por dois votos, perdeu por dois. Nessa hora os diretores, Damasceno e Rafael Pilar protestaram veemente e indignadamente. Rafael foi mais enfático fazendo ao presidente da mesa a mesma acusação do Ditaco aos seguranças.

Mesmo não cobrando em dobro, o presidente da mesa, sem citar os nomes dos infratores, relatou o caso na grande plenária e prometeu relatório escrito com os nomes, caso não houvesse pedido público de desculpas. Ato contínuo, Damasceno aproximou-se com o dedino levantado para falar e levou uma cotovelada do Pedro desconfiado de que seu(dele) diretor não iria desculpar-se.

Damasceno sentou-se caladinho e escapou do vexame imposto ao Rafael, que desculpou-se de público.


PELA ÉTICA NO SINDICATO JÁ.

3 comentários:

  1. Não foi bem assim, não teve cotovoleda. Foi só uma encostada de braço. Nem doeu.

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  2. Caríssimo Anônimo, também não dou eu, nem cotovelada nem o que possa lubrificar seu relacionamento com cotoveladores, encostadores ou roçadores de braços ou outros membros. O importante é que a psicologia do cascudo, da cotovelada, da roçada, funciona. Mas que eu vi uma cotovelada dolorosa, meninos, eu vi.

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  3. Na verdade foi só uma cutucada de leve. o importante é que ele entendeu o olhar e obedeceu,
    sou Pelo Direito de Liberdade de expressão.

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