A elite conservadora do nosso País difundiu o mito da eficiência da iniciativa privada em contraponto ao mito da ineficiência dos agentes estatais. Usam e abusam de sofismas para passar uma imagem distorcida de um Estado que paga salários altíssimos a servidores relapsos, ineficientes e, o mais grave na visão deles, estáveis.
Por isso, não faltam ataques direcionados aos servidores públicos, que costumam ser responsabilizados pelas mazelas do País, como o déficit nas contas públicas e no sistema previdenciário.
O governo, dito perdulário, é acusado de manter um número crescente de barnabés com salários “generosos”.
- Mas o que dizem os números???
Em recente estudo produzido para a CNESF* – destaca-se que em 1995, os gastos com pessoal representavam mais da metade (56%) da Receita Corrente Líquida, e em 2010 estavam em apenas 33%. Ou seja: ao contrário do que se alega, houve uma grande perda da participação dos servidores públicos, comparativamente às demais despesas do orçamento.
O gasto com a dívida pública tem superado, anualmente, várias vezes os gastos com servidores públicos. Em 2010, por exemplo, a dívida pública consumiu R$ 635 bilhões, ou seja, quase quatro vezes mais do que os R$ 167 bilhões gastos com os servidores federais.
Quem seria, portanto, responsável pelo rombo das contas públicas? A Dívida Pública ou os servidores e a Previdência Social?
E ao final conclui o Estudo que, considerando a inflação e a evolução do PIB nos últimos dois anos, tão-somente para recomposição do poder aquisitivo dos salários, o índice de um reajuste emergencial calculado com base nesses indicadores deveria ser de 14,2%.
Tendo em vista que a previsão para gastos com pessoal em 2011 é de R$ 179,5 bilhões, o impacto estimado para o mencionado reajuste emergencial – se estendido a todas as carreiras, poderes, ativos, inativos e pensionistas - seria de R$ 25,5 bilhões em 12 meses. Tal valor representa o gasto de apenas duas semanas com a dívida pública federal.
E não foi por outro motivo que resolvemos propositalmente afinar o símbolo preferido daqueles que querem propagar uma imagem distorcida do peso atual do Estado na sociedade, pois se o gasto de pessoal pesa para o Estado, o gasto com a dívida pública pesa 4 vezes mais.
E o mais duro é que nunca estão satisfeitos. O falso discurso de austeridade alardeado por nossas elites tem um objetivo claro: levar a cabo medidas que permitam a demissão por insuficiência de desempenho, bem como as que congelam a nossa remuneração para elevar o superávit primário. Traduzindo: ter o controle do Estado e seguir recebendo os juros de sempre...
*Este artigo foi baseado no estudo “Contribuição da Auditoria Cidadã da Dívida à CNESF”, elaborado pela AFRFB e ex-presidente do Unafisco Sindical, Maria Lucia Fattorelli (Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida) e o economista Rodrigo Ávila.
Veja mais neste blog:
- A SELIC E VOCÊ
Este é o tipo de abordagem que deveria estar nos Panfletos distribuídos pela DEN no dia de ontem. Precisamos de ter firmeza e coragem para nos contrapormos aos grandes interesses econômicos, características que, infelizmente, são raramente observadas na atual direção sindical.
ResponderExcluirÉ verdade. Nunca é dito que sobre a população brasileira pesa uma carga tributária vinculada às despesas com juros.
ResponderExcluirTal política tem resistido a toddos os governos e ocasionou um crescimento espetacular da dívida.
O orçamento, desta forma, garante uma transferência de renda de baixo para cima. E imputam a culpa no, cada dia mais esbelto, elefantinho.
Para lutar contra isso posamos para fotos. É a campanha salarial de CARAS. Uma vergonha.