terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um buffet neles


O Brasil apresenta historicamente uma desigualdade extrema na distribuição de rendimentos. Apesar de ter havido uma expressiva melhora no quadro nos últimos anos, nunca é demais lembrar que o País amarga uma das piores posições no ranking mundial segundo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas.

Comparar, portanto, a concentração da renda brasileira a países como a França ou Estados Unidos seria uma covardia.
Pois foram estes alguns dos países que se renderam à lógica da progressividade tributária e já começaram ou voltaram a taxar seus cidadãos mais abastados:
- nos Estados Unidos foi proposta a apelidada “taxa Buffet” sobre as pessoas físicas que ganhem mais de 1 milhão por ano, em homenagem ao artigo em que Warren Buffet diz que ele e seus colegas bilionários são mimados pelo Congresso;
- na França, após 15 bilionários assinarem uma carta pedindo por mais impostos, todos que recebem mais de 500 mil euros por ano vão ter de destinar 3% a mais dos rendimentos aos cofres públicos;
- na Espanha foi repristinado a imposto sobre os mais ricos que havia sido eliminado em 2008;
- na Itália, o dono da Ferrari se disse favorável e todo aquele que receber mais de 300 mil euros/ano vai ter de deixar 3% a mais dos rendimentos nos cofres públicos;
- na Alemanha, 50 bilionários foram pedir para que se reduzisse o fosso entre os pobres e os ricos, através de uma taxa de 5% sobre suas fortunas.

No Brasil, também houve protestos dos mais ricos, mas foi contra a criação da CSS (Contribuição Social para a Saúde), que aos moldes da extinta CPMF incidiria sobre as movimentações financeiras. Os ricos por aqui sempre foram e sempre serão contra a criação de qualquer tipo de tributo.  

A maior parte da população, que tem baixos rendimentos estaria isenta, portanto a medida atingiria em maior medida àqueles que movimentam grandes quantias em bancos. A alíquota seria de 0,1% e teria sua arrecadação integralmente repassada para o atendimento daqueles que dependem do nosso debilitado SUS.

Mesmo com um percentual muito aquém dos "buffets" estrangeiros, a contribuição nacional, que está mais para um singelo 'tapinha', está difícil de ser aprovada. Aqueles que não gostam de pagar tributos detestam este tipo de imposto, pois não conseguem driblá-lo. E o pior, ele ainda é um eficaz rastreador de, digamos, 'verbas não contabilizadas'. O outro projeto que prevê o tributo sobre grandes fortunas, então, seria na visão deles uma heresia.

O projeto da CSS já foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado em meio à grita geral da mídia. Agora é aguardar que não consigam fazer valer seus interesses mesquinhos pela campanha deflagrada através da “opinião publicada” em detrimento do interesse público.

Parece que estragamos nossos muito ricos. Os mimamos demais. Estão precisando de um "buffet" para ver se acordam para a vida...

Leia mais neste blog: W. Buffet:Eu quero dar

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